O MELHOR CONGRESSO QUE O DINHEIRO PODE COMPRAR
Eminentemente conservadora e retrógrada, assim é a constatação da atual bancada federal que, não à toa, tem em sua composição a maioria dos deputados ligados a ramos empresariais e religiosos.
De acordo com matéria publicada no Jornal “Estadão”, de cada dez deputados eleitos, sete foram financiados pelo menos por uma das dez empresas que mais fizeram doações em 2014. Por outro lado, as bancadas consideradas progressistas ligadas aos movimentos sociais e sindicais, estagnaram ou retrocederam em números, a exemplo da bancada sindical. Segundo levantamento realizado pelo DIAP (departamento intersindical de assessoria parlamentar) houve um decréscimo de 83 deputados para 46 advindos do movimento sindical. Portanto, dos atuais 513 deputados federais apenas 8,9%, em tese, representariam diretamente os interesses da classe trabalhadora, o que é bastante preocupante visto que há uma ameaça as conquistas sociais e trabalhistas já verificadas nas pautas colocadas em votação desde o início desta legislatura. Alguns exemplos, a saber: liberalização da terceirização para as atividades fins, lei contra a cristofobia, diminuição da maioridade penal e várias outras propostas, inclusive de reforma política, que passam longe do interesse dos movimentos sociais, sindical, ou até mesmo, da população em geral. O resultado disso é a hegemonia do interesse privado (70% da atual bancada foi financiada por empreiteiras, bancos e grandes corporações comerciais) e o enfraquecimento da classe trabalhadora.
Para agravar ainda mais a situação, a crise econômica e ética enfrentada pelo governo tem levado a direita tradicional, de maneira inédita desde as manifestações pró-golpe em 1964, a ocupar as ruas do país para defender as suas posições políticas e visão de mundo, impulsionada pelos meios de comunicação de massa que, dia e noite, a partir do terrorismo econômico e do denuncismo da corrupção na Petrobrás, desestabiliza o governo e a reboque toda a sua base social de sustentação.
Assim, o movimentos sociais tradicionais e em especial o sindical, tem perdido o protagonismo das “ruas” e se enfraquecido diante da necessidade de defender um projeto político que em doze anos, inegavelmente, avançou muito em conquistas sociais, econômicas e políticas, mas que nos últimos meses, pressionado pelos organismos financeiros nacionais e internacionais, tem dado passos para trás contra os direitos dos trabalhadores a fim de realizar o famigerado ajuste fiscal para pagamento de juros e amortizações da dívida pública, às custas de cortes orçamentários e retirada de direitos dos trabalhadores.
Portanto, não se pode omitir que a situação é extremamente complexa e delicada, mas o maior desafio agora é sedimentar todas essas questões e entender que o maior adversário da classe trabalhadora continua sendo os detentores do poder econômico, que mais do que nunca ditam os rumos do país segundo a velha luta de classe, que, ingenuamente, setores da classe média brasileira acreditam não existir.
Por fim, cabe aos movimentos sociais tradicionais que foram protagonista das grandes mudanças democráticas e sociais deste país, retomar as ruas para fazer um debate qualificado acerca da corrupção e da economia e, principalmente, por uma reforma política que iniba o poder econômico das campanhas e dê vazão a maior participação parlamentar de representantes dos movimentos sociais e populares, quebrando assim, a “espinha dorsal” deste sistema político corrupto que tem como base de sustentação o financiamento empresarial de campanha.